Estelatus Mtemanyenja

"Bastaram poucos anos para Estelatus Mtemanyenja galgar o posto de executivo de uma grande empresa japonesa, estabelecida na capital Dar Es Salaam, Tanzânia, África oriental. Oriundo de um remoto vilarejo no interior do país, não tinha educação acadêmica. Mas como era esperto para negócios, os diretores decidem lapidar aquele diamante bruto. Trazem trajes e sapatos do Japão e põem um carro de luxo com motorista à sua disposição. O recompensam com um excelente salário.
Concordam em enviá-lo para Arusha, a fim de estudar administração de empresas. Arusha, na divisa com o Quênia, é a porta de entrada de milhares de turistas que visitam grandes parques de animais selvagens e o monte Kilimanjaro, o mais alto da África, com 5.895 metros. Uma cidade com farta oferta de prostituição e diversão noturna.
Se “O vinho e as mulheres fazem sucumbir até mesmos os sábios” (Eclo 19, 2), o que dizer de alguém desguarnecido da Armadura de Deus? (cf. Ef 6, 13-17). Não deu outra! O dinheiro que a empresa enviava para sua manutenção e pagamento das mensalidades, Estelatus desvia para noitadas de farras com amigos, mulheres e bebidas.
Pode-se ludibriar muita gente por muito tempo; não se pode, contudo, ludibriar a todos o tempo todo. A verdade aparece. Demissão sumária. Acostumado à boa vida, Estelatus raciocina: "Estou demitido. O que vou fazer para continuar usufruindo de todas estas regalias?". Aconselhado pelo Infenro, decide unir-se a uma quadrilha especializada em roubo, tráfico, prostituição e falsificação de bebidas. O resultado é dramático: 7 assassinatos cometidos.
Estelatus torna-se o criminoso mais procurado de toda a Tanzânia. Para desmantelar sua poderosa quadrilha, o presidente Julius Nyerere (hoje, Servo de Deus), envia seus melhores homens para serem treinados pelas forças especiais da Bulgária. De volta à Tanzânia, conseguem capturar Estelatus. Ficará atrás das grades durante seis anos. Na prisão, um sacristão católico oferece-lhe uma Bíblia para ler. A princípio, o amaldiçoa; mas como não tem outra opção de lazer, com o intuito de passar o tempo, começa uma leitura sistemática da Sagrada Escritura.
Gosta muito de aventura. Encanta-se com os relatos bélicos de Davi, Sansão e outros Valentes do Antigo Testamento. Quando lê sobre Jesus, nos Evangelhos, exclama: "Pobre homem. É um fracassado!". Sem os suspeitar, entretanto, a Espada do Espírito penetrara-lhe a alma. Àquela altura, o Messias já havia roubado seu coração. Deus Pai rasgara o Céu para fazer descer o orvalho da Redenção destinado a regar sua alma empedernida pelo pecado. Nas profundezas da alma daquele homem velho está prestes a se realizar uma verdade eterna: "Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!" (2Cor 5, 17).
Amanhecera. Aos olhos de todos naquela prisão, um dia como todos os outros. Subitamente, porém, o poder de Deus desencadeia um terremoto no cárcere interior do prisioneiro Estelatus. As estruturas do homem velho são abaladas. As correntes interiores rompem-se pelas mãos poderosas de Jesus. O fogo do Espírito Santo, que transforma tudo o que toca, o envolve por inteiro. Satanás, à uma ordem de Jesus, é acorrentado e levado em cortejo triunfal pelo Senhor do Céu e da Terra.
Estelatus sente como se um raio o perpassasse de alto a baixo. Começa a bendizer a Deus e a falar em línguas estranhas. É o seu batismo no Espírito Santo. Dali em diante, ninguém mais o reconhece. Embora trancafiado por grossas cadeias de ferro, o criminoso mais perigoso da Tanzânia é agora um prisioneiro de Jesus Cristo; Atrás das grades, torna-se um homem verdadeiramente livre da escravidão do pecado que gera a morte. Livre dentro de uma prisão, pode proclamar sem medo: "Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres" (Jo 8, 36).
Certo dia, ouve a voz de Jesus dizendo: "Prega o Evangelho para estes aqui na prisão". A princípio, resiste. Muitos dos seus colegas de cela eram discípulos seus na escola do crime. O que pensariam? Finalmente, atemorizado por um sonho aterrador, em que vê a si mesmo caindo num abismo sem fundo, começa a pregar a Palavra de Deus para aqueles que antes ensinara a seguir a cartilha do Diabo - aquele que "não vem senão para furtar, matar e destruir" (Jo 10, 10b). É urgente resgatar aquelas almas do abismo do inferno.
Sua primeira pregação na prisão atrai a ira da maioria de seus colegas. O acusam de charlatão e caçoam dele. Pensam que perdera a razão. Pressionado pelos prisioneiros, o carcereiro o proíbe de pregar a Palavra de Deus. Estelatus desobedece. É arrastado para a solitária. Quando sai, volta a anunciar Jesus. É atirado novamente na solitária. Outra vez solto, continua a evangelizar. Depois de 3 confinamentos na solitária, sem resultado, o carcereiro não mais o incomoda; pensa que a Palavra de Deus o enloquecera.
Não sabiam aqueles homens e o carcereiro que “a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1Cor 1, 25). Com a Espada do Espírito em mãos, revestido do poder do alto, Estelatus consegue penetrar no coração endurecido de muitos de seus antigos comparsas. Com os primeiros convertidos, inicia um grupo de oração dentro da prisão. Neste período, algo misterioso acontece. À noite, em sonho, vê-se transportado ao Vaticano, onde o Papa João Paulo II o recebe e ensina-lhe a interpretar muitas passagens da Sagrada Escritura.
Certa ocasião, Jesus revela-lhe que num futuro próximo o enviará a pregar o Evangelho a todas as nações. Nesta visão, Estelatus encontra-se dentro de um avião com uma pasta na mão, trajando um terno. Ciente da gravidade dos crimes hediondos que cometera, conclui que jamais verá cumprida esta promessa de Deus. Com 7 assassinatos nas costas, quem o tiraria daquela prisão? É quando o Deus do impossível intervém. A Anistia Internacional pede ao governo da Tanzânia que leve a julgamento todos os presos detidos, para que possam ter direito de defesa. Eram trezentos. A notícia causa alvoroço entre os detentos. Um deles diz a Estelatus: "Tu jamais sairás daqui. Mesmo levado a julgamento, se te inocentarem por um assassinato, ainda restarão outros seis que te condenarão". O destino do Estelatus parece selado: apodrecer no cárcere.
Chegara o dia de chamar o primeiro prisioneiro para se encaminhado para julgamento. Certo de que jamais o chamariam, pega a sua bíblia e senta-se em um lugar solitário para meditá-la. O carcereiro entra. Em seguida anuncia o primeiro nome da lista: "ESTELATUS MTEMANYENJA". Incrédulos, seus companheiros o procuram para dar-lhe a notícia. Estelatus pensa que estão zombando dele. O próprio carcereiro aproxima-se e pergunta: "Você é Estelatus Mtemanyenja?". Responde que sim. "Siga-me", ordena o policial.
Quando o chefe de polícia o recebe em seu escritório, esquadrinha-o de alto a baixo. Movido de misteriosa compaixão, diz aos seus oficiais: "Este homem está às portas da morte; não resistirá por muito tempo nesta prisão". Pergunta, então, a Estelatus: "Você tem parentes aqui na cidade?" Estelatus responde que sim. Depois de um longo silêncio, a grande surpresa: "Vou te libertar, sem necessidade de julgamento, mas com uma condição: todos os sábados você deve se apresentar aqui. Se algum crime acontecer na cidade, iremos à tua procura em tua casa. Não encontrando-te, voltarás para esta prisão e nunca mais dela sairás”, exorta o chefe da prisão.
Quando Estelatus pega seus pertences e diz adeus a seus colegas de cela, o espanto e o temor a Deus tomam conta dos corações de todos. Muitas vezes ouviram Estelatus anunciar-lhes aquilo que agora testemunham com seus próprios olhos: "De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo" (Rm 8, 1).
Nos dois anos seguintes, Estelatus trabalha como tratorista em uma pequena fazenda, no interior da Tanzânia. Ali inicia uma comunidade orante debaixo de uma choupana. Naquele exato local, hoje, encontra-se uma majestosa igreja. Em seguida, a convite de um morador local, conhece um grupo de oração onde os dons do Espírito Santo se manifestam com sinais e prodígios, a exemplo do que ocorrera no dia de Pentecostes. Mais tarde, aquele que fora o maior criminoso que a Tanzânia conhecera, torna-se o coordenador nacional da Renovação Carismática Católica da Tanzânia.
Certo dia, dentro do avião que o levava para uma missão de evangelização em Malawi, país vizinho, Estelatus lembra da visão que tivera na prisão. Percebe que está portando a mesma maleta de mão e vestido exatamente conforme Jesus predissera. O Deus que não é homem para mentir cumpre fielmente sua promessa. Lágrimas de alegria e de agradecimento rolam de seu rosto.
Depois de ter servido de capacho do Diabo por tantos anos, Estelatus, hoje, pode cantar: “Mas Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em consequência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo - é por graça que fostes salvos! -, juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, com Cristo Jesus” (Ef 2, 4-6)
Atualmente, Estelatus é um dos mais proeminentes pregadores da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. É chamado para anunciar a Boa Nova da Salvação em muitos países. É casado e tem 3 filhos. Todos os dias, às 5 horas da manhã, reúnem-se para 1 hora de oração. Mora em Dar Es Salaam, capital da Tanzânia. Em setembro de 2013 estará no Brasil pela quarta vez. Virá testemunhar seu maravilhoso encontro pessoal com Jesus, o Senhor da História que mudou dramaticamente sua vida e sua história. O mesmo milagre que Deus Espírito Santo realizou na vida de Estelatus, pode realizar agora na minha e na sua vida: "Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação" (2Cor 6, 2).
Ore com confiança: "Jesus, eu te aceito agora como meu único e definitivo Salvador. Creio em meu coração que ressuscitaste dentre os mortos e, portanto, confesso com a minha boca que és o Senhor da minha vida e da minha história. Amém!"